Com o aumento do número de secas em França, a questão do acesso à água torna-se cada vez mais premente. Nos campos, os agricultores preocupam-se com as suas colheitas. Na sociedade civil, intensificam-se os debates sobre as melhores formas de preservar este recurso vital. As megabacias, ou mais precisamente as “bacias de substituição”, estão agora a emergir como um projeto central na política de gestão da água. Apresentados como uma solução para a irrigação e como um problema ambiental pelos seus opositores, estes reservatórios dividem as opiniões. O que pensar então dos megabacias? São um instrumento de adaptação às alterações climáticas ou um modelo ultrapassado?
O que são as megabassinas?
Um sistema de armazenamento sazonal
As megabacias são vastos reservatórios artificiais escavados no solo, por vezes cobertos com lonas de plástico, que armazenam água bombeada no inverno a partir de lençóis freáticos ou de rios. Esta água é depois utilizada no verão para a irrigação agrícola, quando os recursos naturais são insuficientes. São instrumentos alternativos para evitar a utilização das águas subterrâneas em períodos de stress hídrico. Em França, foram lançados vários projectos, nomeadamente na região de Deux-Sèvres, em Sainte-Soline, um foco de debate e de ação pública.
Temas quentes e forte oposição
Estes projectos de albufeiras suscitam críticas crescentes, que são retomadas em numerosos artigos de imprensa. Grupos de cidadãos, associações ambientais e vários investigadores denunciam uma corrida tecnocrática precipitada. A principal crítica é que estas instalações beneficiam essencialmente uma minoria de explorações intensivas, em detrimento do modelo de agricultura sustentável. Na sua opinião, o problema reside na gestão centralizada, incompatível com a preservação dos ecossistemas locais e da biodiversidade.
O que defendem os defensores das megabassinas
Proteger a agricultura contra a seca
Para os seus defensores, as bacias representam uma resposta realista aos efeitos do aquecimento global. Ao armazenar água numa altura em que existe um excedente no lençol freático, podem garantir a irrigação durante os meses mais secos. Isto contribuiria para manter a atividade agrícola e evitar o abandono de certas zonas rurais. Nalgumas regiões, como o Deux-Sèvres, o Baixo Loire e o sul de Poitou, são considerados como instrumentos de adaptação necessários a médio prazo.
Antecipar a escassez de recursos
De acordo com os seus defensores, as megabacias permitem evitar a bombagem de emergência em tempos de crise. Esta abordagem de antecipação reforça a resiliência dos modelos agrícolas e ajuda a planear uma gestão mais detalhada dos recursos hídricos. Além disso, são geralmente construídas dentro de um quadro jurídico rigoroso, validadas pelo Estado e frequentemente acompanhadas de planos de transição para uma agricultura mais eficiente em termos de água.
Críticas dos seus opositores
Um recurso distribuído de forma desigual
Uma das principais críticas é a perceção da injustiça no acesso aos recursos. As bacias seriam reservadas a uma minoria de agricultores, com capacidade de investimento ou agrupados em cooperativas poderosas. Isto excluiria uma grande parte das pequenas explorações agrícolas e acentuaria os desequilíbrios regionais. Há quem considere que se trata de uma escolha da sociedade, que orienta o apoio público para um modelo de agricultura intensiva.
Um impacto ecológico que deve ser qualificado
O impacto ambiental está também no centro do debate. As barragens favorecem a evaporação, modificam o solo e afectam o lençol freático, alterando o seu ritmo de renovação. Em certas zonas sensíveis, como as bacias hidrográficas do Clain e do Sèvre Niortaise, os efeitos sobre os ecossistemas aquáticos são objeto de projectos de acompanhamento científico. A construção de megabacias também levanta riscos ligados à privatização do recurso, embora a água seja um bem comum.
Que alternativas ou suplementos deves considerar?
Diversificar as soluções de adaptação ao clima
Face às alterações climáticas, uma única solução não é suficiente. Para além das megabacias, há outras vias a explorar: mudar as práticas, recuperar o solo, cultivar culturas que consumam menos água, melhorar a qualidade do solo para reter a humidade. A agricultura ecológica e a poupança de água estão entre as soluções apoiadas por muitas associações e autoridades locais.
Recolha de água da chuva: uma solução prática
A recolha de água da chuva está a emergir como uma solução barata e local, tanto para as explorações agrícolas como para as autoridades locais. Equipamentos como as cisternas flexíveis, que são fáceis de instalar, permitem a recolha da água da chuva durante os períodos de chuva para usos não potáveis. Podem complementar ou aliviar a necessidade de reservatórios, promovendo simultaneamente uma gestão descentralizada e resiliente. No seu conjunto, estas soluções podem desempenhar um papel essencial na construção de um modelo agrícola mais adaptado às estações, à região e ao clima.
Escolhe o método correto…
Os megabaixos cristalizam as tensões ligadas à gestão da água em França. Embora possam representar uma solução técnica num contexto de seca crescente, também levantam questões fundamentais sobre a sociedade, o modelo agrícola a apoiar e as escolhas a fazer em termos de política climática. O debate não se limita a uma oposição binária entre “a favor” e “contra”: trata-se mais de questionar coletivamente os meios de assegurar a vida dos territórios agrícolas, preservando os recursos naturais. A combinação de ferramentas como as cisternas flexíveis, a reformulação das utilizações e a adaptação local parecem ser uma via mais equilibrada.